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"Fotografar
em caverna não é fácil. O ambiente muito escuro obriga o uso de flash
e com isto as pilhas vão embora rápido e as fotos ficam sempre limitadas
ao alcance do flash.
Para dar maior alcance ao flash (isto também vale no interior de casas)
utilize um filme mais sensível, como ISO 400, por exemplo.
Com este filme o alcance de seu flash dobrará. Se ele era recomendado
para distância até 3,5 a 4 metros com filme ISO 100, com ISO 400 o alcace
passa a ser de 7 a 8 metros de distância.
Filmes mais sensíveis também são mais toleranrtes a variaçã de luz, diminuindo
aquele contraste forte entre a parte iluminada e parte escura da foto."
"Como Usar e Otimizar a Iluminação dos Flashes
Escolha os espeleotemas pela cor, forma e formação. Flores muito brancas,
de calcita ou aragonita límpidas, ficam melhores com luz rebatida. Para
as fotos de close, quando você usa por exemplo uma teleobjetiva 200 mm,
recomenda-se aberturas pequenas, entre f11 a f22, para obter melhor definição
de texturas e menos excesso de luz.
As vezes, são necessários dois disparos de flash, rebatidos um de cada
lado. Você pode usar tripé, flash com cabo longo e câmera na mão, ou ainda
um recurso “gambiarra”, mas que já demonstrou dar certo. Com a câmera
em “B”, clique já apontado para o espeleotema, enquanto outra pessoa,
já treinada, dispara o flash da distância e ângulos combinados.
Este esquema em geral exige certo treinamento em parceria, fotógrafo e
“iluminador”. Alguns espeleotemas, devido à suas localizações de perfil,
permitem que se estenda por trás um cartão de papel, simulando um fundo
uniforme que destaca melhor suas formas, que do contrário poderiam ser
prejudicadas por um fundo confuso.
E já que você desenrolou um cartão, aproveite e faça todas (ou quase todas)
as fotos nas quais você pretende utilizá-lo. Em fotos de espeleotemas
muito claros, abuse um pouco da subexposição. Mas nem tudo são cores vivas
ou translúcidas, muitos espelotemas possuem coloração ocre, pardacenta
ou amarelada, as vezes marron, e neste caso sua beleza pode não estar
em sua composição cristalina, na pureza, e sim em seu formato peculiar,
ou até mesmo em seu curioso processo de formação. Assim, explore melhor
novos ângulos para a luz.
Outro recurso muito empregado é o uso do “testemunho”, que é a inclusão,
na foto, de um objeto que dê a escala, servindo para demonstrar qual é
a verdadeira dimensão do assunto em questão. Pode ser um mosquetão, uma
mão, uma pessoa agachada (neste caso, se o espeleotema for um pouco maior),
um objeto qualquer. É importante fazer mais de uma foto de cada, sempre
com algumas variações na abertura e nos flashes, a fim de aumentar as
chances de uma foto melhor.
Com o tempo e a experiência, vai-se diminuindo a quantidade de fotos por
assunto. Recomendo o emprego de filme cromo ASA 50 ou 64 para a fotografia
de espeleotemas. Filme negativo (convencional) não proporciona contraste
e aproveita muito pouco da iluminação planejada. Filmes em P e B surtem
bons resultados, dependendo de um pouco mais de experimentação e testes.
Geralmente, os melhores são os de ASA 100.
Falaremos agora de um importante acessório fotográfico, que pode otimizar
seus trabalhos de documentação subterrânea – a fotocélula. Ela é um dispositivo
muito simples, formado por um capacitor e um componente do mesmo nome,
e sua utilidade é receber um impulso luminoso e simultaneamente disparar
uma pequena carga contida em um capacitor que acionará um outro flash.
Uma fotocélula é um equipamento que dispara um flash ao receber um estímulo
luminoso vindo de outro flash, respondendo tão rapidamente que obviamente
é impossível perceber diferenças de tempo entre o primeiro e o segundo
(trafegam na velocidade da luz!..).
Se você vai fotografar um espeleotema que não pode ser bem iluminado com
um disparo frontal ou mesmo com um só disparo, pode usar uma célula e
combinar dois ou mais flashes saídos de diferentes direções. Pode-se também
optar, neste caso, por usar a câmera na mão, um flash nela e outro na
mão de outra pessoa, devidamente posicionada, ou ainda a câmera no tripé
e os dois flashes cada um na mão de um.
O flash acoplado diretamente à câmera não costuma ser muito interessante,
pois dificilmente a melhor iluminação será aquela disparada frontalmente.
Se você usar tripé, pode até mesmo fazer a foto com quantos disparos quiser,
pois uma vez com a máquina presa ao tripé e com a cortina aberta em “B”
na câmera, você pode estar mesmo sozinho e se deslocar de um lugar a outro
com um só flash na mão.
Cuidado para não atravessar na frente da câmera durante seu deslocamento,
ou se demorar com a luz de carbureto próxima ao visor da câmera, coisa
que nem muitos sabem, mas que pode atingir o filme também por trás do
corpo da máquina.
Trace seu caminho e mantenha sua luz de carbureto fora da cabeça, acesa
mas um pouco afastado da câmera, onde possa iluminar seus deslocamentos
mas não interfira, nem mesmo quando você for revisar coisas no visor.
Lenços ou toalhas de rosto são imprescindíveis, pois nosso suor é frequentente
no ambiente cavernícola, provocando sucessivos embaçamentos de visor,
causado pela saturação de umidade e vapor d’água. Espeleotemas translúcidos
e luz rebatida A maioria dos espeleotemas brancos fica melhor iluminada
com luzes rebatidas, suavizadas.
Grupos de espeleotemas no chão podem ser muito bem iluminados com luzes
rebatidas em uma parede ou mesmo em um teto baixo. Neste caso, verifique
bem a cor dos mesmos, pois a luz oriunda do flash e rebatida em uma superfície
com forte tonalidade de cor (amarela, por exemplo) pode chegar ao seu
objetivo final ligeiramente ou até mesmo acentuadamente tonalizadas pelas
cores da área rebatida.
Um pedaço de lonita branca de 1,5 X 1,5 m aberta sobre grupo de formações
e seguro por duas pessoas pode servir como um excelente rebatedor para
espeleotemas mais grandinhos ou grupo de formações, seja no piso da caverna
ou nas paredes. Os isopores, tão úteis nos estúdios, são inviáveis de
serem transportados e manuseados.
A lonita ocupa pouquíssimo espaço, e vai dobrada na mochila. Se você está
embaixo de um teto muito alto, ou suficientemente alto para não poder
ser usado como superfície de rebatimento, ou não há paredes próximas,
opte por usar luz frontal ou em ângulo, e ao invés de disparar o(s) flash(es)
de perto e economizar disparos, faça o contrário – distancie-se e aumente
o número de disparos. Esse é um procedimento que custa certo número de
tentativas e erros.
Você pode inclusive empregar disparos vindos na direção da câmera, quase
de frente para a objetiva, mas tenha o máximo cuidado para não acertar
a objetiva da câmera com disparos diretos, o que naturalmente arruinaria
aquela exposição.
E lembre-se, ao fotografar detalhes muito brancos, muitas vezes é melhor
uma subexposição do que uma superexposição."
Texto de João Paulo Mazzilli - fotógrafo
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