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"Para
fazer trilha nos finais de semana ou competir nos enduros, nas categorias
iniciais, nem é preciso comprar uma motocicleta, pois vários
modelos nacionais servem com perfeição para aqueles que
estão iniciando neste esporte.
Iniciar com uma máquina potente pode ser bom apenas para impressionar
os amigos, mas dificilmente trará uma performance ao patamar do
dinheiro investido. Vale muito mais a pena gastar em equipamento de proteção,
que são acessórios imprescindíveis para poder voltar
das aventuras com toda a segurança. Quem não usa, ao menos,
capacete, óculos e botas não é considerado como um
verdadeiro treieiro, sendo mais um ```motoqueiro´´ a passear
nas ruas.
No
mercado nacional, temos poucas opções de motos novas para
o fora-de-estrada, sendo que devemos diferenciar dos modelos on/off das
propostas específicas para trail e enduro.
No primeiro time, temos apenas as XT 225, XR200R e a pequena XL 125R,
já que a DT 200 está fora de linha. As motos com motor de
dois tempos estão desaparecendo dos catálogos, sendo substituídas
por modelos com motorização quatro tempos, por causa dos
limites de poluição.
Com
alguma preparação (troca de pneus, retirada de pisca-pisca,
relógios e de algumas proteções desnecessárias)
dá para iniciar no aprendizado das trilhas, com relativo sucesso.
No enduro de regularidade, a XT 225 e a XR 200R podem até vencer
algumas corridas, dependendo é claro, da habilidade do piloto e
uma navegação correta na planilha. Custam perto dos R$ 6
mil Já a XL 125R é fraca, com seu motor de CG 125.
Dica
1º - Lembrem-se de tirar os espelhos, piscas, relógios e,
para as primeiras trilhas, revestir com papel transparente Contact as
laterais, tanque e parte da carenagem. Não desistindo nas primeiras
quedas e nas subidas embarradas, nossos candidatos à fama já
podem esquecer dos arranhões e das pequenas marcas na máquina.
Isso faz parte da brincadeira e custa menos arrumar tudo no dia da troca
da possante.
Para
quem tem (muito) mais grana e técnica, as opções
crescem com modelos importados e nacionalizados por marcas como Husqvarna,
Yamaha e Suzuki. As motos vem prontas para o off road e enduro. O problema
é que os novos pilotos não! Elas são altas, potentes
e requerem uma mão suave na hora de acelerar. A Husky pode ser
encontrada em versões desde WR 250 até a potente WR 610,
um trator que tem quase 50 cv. Não esqueçam que os 50 cavalinhos
numa quatro tempos podem ser bem mais efetivos do que os 53 cv do motor
da Yamaha WR 250 ou da Suzuki RMX 250. Nos últimos meses, começaram
a surgir opções de motores quatro tempos, como a Yamaha
WR 400F (que passou para WR 426F), da Suzuki DRZ 400E (com partida elétrica
e 119 kg).
Em
breve, teremos motos 250 com motor quatro tempos e altíssima tecnologia,
caso da Yamaha WR 250F e da Suzuki DRZ 250. Se vocês estranharam
a falta da Kawasaki e da Honda, vamos explicar que a Honda parou com a
importação da XR 400 e tá trazendo apenas a XR 650,
muito grande para nossas trilhas e que custa perto de R$ 20 mil. Tão
a fim ainda?
Já
a Kawasaki tem ótimas motos para enduro, como a KDX 220 e KLX 300,
mas faltam lojas e assistência técnica perto. São
boas opções para nosso tipo de trilha, mais sinuosas e úmidas,
mas achar as peças sobressalentes é uma peregrinação
eterna. A KLX 650 é melhor para raids, como atravessar a Estrada
do Inferno em dia seco. Nos terrenos chuvosos, é melhor você
Ter tido aula com o Schwartznegger.
Quando
às motocas usadas, o critério é o mesmo das motos
novas: quem começa deve se preocupar com o aprendizado, deixando
as aparências para depois. (É melhor ser o Rei da DT 180
do que o último na turma das importadas).
Há
quem prefira as superantigas DT 180 e Agrale EX como início das
brincadeiras. (Nunca se sabe quando a mulher vai proibir o trail do final
de semana ou o futuro Peterhansel vai se dar conta que gosta mesmo é
de assistir TV nas tardes de sábado). Essas motos custam pouco
(até menos de R$ 1 mil) e muitos nem mais emplacam as máquinas.
As peças são baratas e tem em qualquer lojinha.
A
DT 200 é um degrau acima e já custa a partir dos R$ 2,5
mil. É preciso sempre cuidar da procedência (ver se não
é furtada ou tem peças ``emprestadas´´ de outra
moto), pra não ser surpreendido pela Lei. A moto é resistente
e só pede algumas melhorias no sistema de refrigeração,
como adoção de ventilador e vaso de expansão maior.
(Fácil!) Trocar pneu, tirar relógios e vamos pro mato...
As
usadas importadas são mais caras (acima de R$ 5 mil) e merecem
ser vistoriadas por um mecânico de confiança. Algumas marcas
têm maior abastecimento de peças e você pode cair a
vontade que seu mecânico conserta fácil. Não acredite
em conversa de vendedor. Pra ele, aquela moto da sua loja foi usada apenas
por uma professora e nunca caiu (do Itaimbezinho). Leve o amigo, o mecânico
ou um treieiro até a máquina (ou vice-versa) antes de fechar
o negócio.
Quanto
às provas, também não leve muito à sério
as palavras dos organizadores de enduro. Prova fácil não
existe, ao menos pra quem está começando. Não que
os estreantes sejam completos ``mãos de pau´´´.
É que eles são (óbvio) estreantes e não tem
a experiência dos ``menos estreantes´´que andam na frente.
Em todo caso, várias turmas em Novo Hamburgo (100% Trilhas) e São
Leopoldo (Rebeldes da Zona Norte) aceitam com prazer a vinda de novatos
nas trilhas do Vale do Sinos." |