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"Cerca
de 20% das mulheres sofrem de enxaqueca, o que é um número
considerável. O problema pode ser deflagrado por oscilações
hormonais, por isso é tão comum no sexo feminino. Com orientação
adequada e, em muitos casos, o uso de medicamentos preventivos, é
possível controlar as crises. Mas, e quando a mulher decide engravidar?
De
acordo com o neurologista Abouch Krymchantowski, administrar as cefaleias,
de um modo geral (a enxaqueca é apenas um dos vários tipos
existentes), não é tarefa simples quando a paciente está
gravida, já que são poucos os medicamentos permitidos para
gestantes. Quem faz tratamento costuma receber a orientação
de adotar algum método contraceptivo.
A boa notícia é que cerca de 75% das mulheres com o problema
melhoram quando ficam grávidas. “Os hormônios produzidos
na gravidez protegem a mulher da cascata química que leva à
enxaqueca”, afirma o médico.
Aproximadamente
15% das mulheres permanecem com o mesmo padrão de enxaqueca e outras
10% têm o problema agravado durante a gravidez. Muitas mulheres
que nunca tiveram os sintomas, inclusive, começam a ter crises
somente após engravidar, em especial nos três primeiros meses,
fase mais crítica para o consumo de drogas.
Decidir
entre tomar remédio ou não é algo que deve ser decidido
após uma análise criteriosa dos riscos e benefícios,
como ressalta o neurologista.
Como não é ético fazer pesquisas de medicamentos
com grávidas, é difícil que algum fármaco
seja apresentado como 100% seguro para esse público. O que existe
são relatos de uso em mulheres que engravidaram sem planejar e
continuaram tomando a substância. A partir desse tipo de monitoramento,
explica Krymchantowski, já foi possível estabelecer a segurança
de algumas drogas. “Mesmo assim, quando a gestante opta pelo remédio
e o bebê nasce com alguma anomalia, ainda que o problema não
pareça relacionado com o uso da substância é difícil
para a mulher perdoar a si mesma e ao médico”, relata.
Um
dos poucos analgésicos permitidos às grávidas é
o paracetamol (princípio ativo do Tylenol). Mas é preciso
cautela, pois o abuso da substância pode prejudicar o fígado.
Para muitos casos de enxaqueca, no entanto, o remédio não
resolve. Tomar um café forte, algo que segundo o neurologista também
pode ajudar quando não há analgésicos à mão,
também é contraindicado por muitos obstetras, pois a cafeína
acelera os batimentos cardíacos do bebê.
Dicas
Para aliviar os sintomas da enxaqueca de forma natural, o médico
recomenda repouso durante as crises, compressas geladas na cabeça
(que ajudam a contrair os vasos) e técnicas de relaxamento, como
alongamentos e massagens.Também é aconselhável evitar
situações ou alimentos que podem deflagrar a enxaqueca.
Estresse e variações no padrão de sono (dormir pouco
ou demais), assim como o consumo de queijos, embutidos, chocolate, aspartame
e frutas cítricas, costumam ser gatilhos para boa parte das pessoas
que têm o problema.Outra alternativa que pode ter efeito, segundo
Krymchantowski, é a acupuntura. “Eu recomendo a técnica
como acessória ao tratamento”, diz.
Pós-parto
A engenheira de segurança Margareth Fernandes Ribeiro, de 39 anos,
passou cerca de dez anos sem saber que sofria de enxaqueca, pois um médico
atribuiu suas dores a uma sinusite. Por
causa do diagnóstico incorreto e do uso
de remédios que não eram indicados para o quadro, ela passou
a ter dores cada vez mais frequentes. “Tinha duas, três crises
por semana e quase desmaiava de dor”, lembra.
Depois de ser medicada adequadamente pelo neurologista, a enxaqueca foi
controlada. Mas o tratamento teve que ser interrompido assim que ela descobriu
que estava grávida. Para sua sorte, ela faz parte do grupo de mulheres
que se beneficia da gestação e não teve uma crise,
sequer, durante os nove meses.
Dois meses após o parto, no entanto, as dores voltaram. “O
Tylenol ajudava, mas não resolvia”, comenta. Seguindo à
risca os conselhos do médico para evitar os fatores deflagradores
da enxaqueca, ela conseguiu administrar as crises até os seis meses
do bebê, quando deixou de dar de mamar para poder voltar aos remédios.
Hormônios
Depois de dar à luz, a engenheira notou que sua enxaqueca ficou
diferente. “Passei a ter crises só antes do período
menstrual”, conta. Krymchantowski diz que esse padrão é
bastante comum entre as mulheres, já que a enxaqueca está
ligada a oscilações no nível de estrogênio.
O uso de anticoncepcionais muitas vezes deve ser suspenso, quando há
piora dos sintomas, ou então a pílula é administrada
de forma contínua, para evitar os picos hormonais.
Muitas mulheres só se livram da doença de vez na menopausa,
período em que a produção de estrogênio cai.
Mas as que fazem reposição hormonal costumam ter o problema
agravado. Nesses casos, é preciso que neurologista e ginecologista
atuem em parceria, para ajustar a terapia e evitar as crises."
Fonte: UOL Ciência e Saúde / por FOL
Colaboração: Funerária Caliman
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